Manterrupting, também conhecido como manplaining, é um neologismo que se refere à tendência de alguns homens em interromper as mulheres durante uma conversa ou explicação, muitas vezes no intuito de mostrar superioridade ou de fazer valer seu ponto de vista.
De acordo com um estudo recente, as mulheres são interrompidas muito mais frequentemente do que os homens durante uma conversa. Em situações de debate, as mulheres muitas vezes não conseguem concluir suas argumentações ou são impedidas de expressar suas opiniões devido à intervenção de um homem.
Infelizmente, essa prática é bastante comum e pode causar impactos negativos para as mulheres em suas vidas profissionais e pessoais, como a perda de oportunidades e a diminuição da autoestima.
No entanto, é importante lembrar que nem todos os homens adotam o manterrupting e que muitos deles estão trabalhando para mudar essa cultura. Todos nós, homens e mulheres, devemos nos esforçar para reconhecer o valor da perspectiva das mulheres e garantir que elas tenham espaço para se expressar plenamente.
Portanto, é fundamental termos consciência do manterrupting, identificar quando ele está acontecendo e trabalhar para corrigi-lo. A boa comunicação é essencial para um mundo mais justo e igualitário onde homens e mulheres podem compartilhar suas opiniões livremente.
Por que as mulheres são frequentemente interrompidas durante conversas?
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De acordo com a professora da Harvard Business School Francesca Gino, o fenômeno reflete a crença de que as mulheres valem socialmente menos do que os homens. Infelizmente, essa é uma ideia já impregnada na cultura. Em artigo publicado na Harvard Business Review, ela explica que preconceitos inconscientes sobre gênero, como a visão de homens líderes e mulheres subordinadas, são responsáveis pela prática.
Para combater essas crenças e a interrupção constante das mulheres, Gino lista algumas sugestões. Entre elas, estão a consciência da perpetuação de suposições sexistas, a escolha de conteúdos que reflitam uma pluralidade de representações de mulheres e outros grupos marginalizados e o contato com pessoas frequentemente estereotipadas, como LGBTs. Além disso, recomenda-se adotar uma perspectiva altruísta em uma conversa e considerar os argumentos alheios.
Pesquisas confirmam
As mulheres, em geral, tendem a ser interrompidas mais frequentemente do que homens. E acredite, mesmo quando é o gênero oposto que faz a interrupção, apontou um estudo da Universidade George Washington.
Observou-se ainda que, embora mulheres tendam a interromper menos do que homens, ao fazê-lo, interferem nas falas de outras mulheres mais frequentemente. Uma avaliação informal da linguista Kieran Snyder, CEO da startup Textio, reforçou essas conclusões. Após 15 horas de reuniões com mais ou menos o mesmo número de homens e mulheres.
Kieran Snyder, CEO da startup Textio, realizou uma observação que revelou que quase dois terços das interrupções em conversas partiram dos homens, e que esses homens tiveram três vezes mais chances de interromper mulheres. Além disso, quase 90% das mulheres também interrompiam outras mulheres. Delicado fato, porque raramente interrompiam homens.
Em um de seus artigos, Kieren ressaltou que esses resultados sugerem que as mulheres têm dificuldades em avançar em suas carreiras, sem aprender a interromper. Ela ainda mencionou que líderes femininas fortes são frequentemente taxadas com termos pejorativos, como “mandonas” e “desagradáveis”. Kieren relatou que ela mesma já foi rotulada dessas formas em sua carreira na área de tecnologia, que ainda é majoritariamente dominada por homens.
O Manterrupting e seus efeitos na saúde mental
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O Manterrupting é um problema que acomete muitas mulheres, no entanto, é importante que, em situações em que estejam sendo interrompidas, elas façam valer seu direito. Por exemplo, dizer “não quero ser interrompida” ou “não concluí minha fala”. Caso contrário, o Manterrupting pode ter consequências negativas para a saúde mental da mulher. Sentimentos de insegurança pode acontecer e também uma diminuição na capacidade de se relacionar com outras pessoas.
Finalmente, mantendo uma boa saúde mental, as pessoas sentem-se bem consigo mesmas e em seus relacionamentos interpessoais. Para aqueles que sofrem de problemas mentais, o Ministério da Saúde oferece um mapa interativo. Ele torna mais fácil a busca por serviços de saúde mental na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). Você pode acessar o mapa aqui.